domingo, 18 de janeiro de 2009

Carta de análise

Colegas.: Lê-se em dois minutos. NÃO PERCAM!

1- Independentemente de todas as observações já feitas sobre a falta de simplicidade no modelo «simplex» e independentemente da questão de falta de ética na divisão da carreira em professores titulares e não titulares, acho que se deve pôr à consideração de todos o seguinte problema: o concurso para professores titulares foi ou não, ou, é ainda ou não, considerado pelo ME uma «avaliação dos professores»? Se não foi ou não é, o que é que permite ao ME dizer que os PT são os melhores e mais habilitados para avaliar os outros? Se foi, o que leva o ME a não dispensar da avaliação docente os Professores Titulares? É óbvio que esta questão pode parecer «a destempo», mas creio que faz sentido. Vejo razões para nunca ter feito parte do caderno reivindicativo (se estamos contra a divisão, não vamos mobilizá-la como argumento), mas o ME tem de ser confrontado com o pretenso valor avaliativo que deu ao concurso para professores titulares e este argumento, não tendo peso na avaliação retira todo o peso que se lhe quer dar com a análise das competências docentes que estão para além do simples «acto lectivo». Se o concurso foi um acto avaliativo, para quê, passado um ano, voltar a avaliar os mesmos?
2. Independentemente de outras perspectivas, a greve marcada para o dia 19 de Janeiro será um acto cruel sobre nós próprios: já nada dizemos com ela - se discordámos do modelo de avaliação no seu todo, é óbvio que também discordaríamos da sua versão dita «simplex»: em nada se reduziu a injustiça do modelo, em nada se desburocratizou a sua organização e o seu preenchimento, em tudo se acentuou a sua perniciosa intencionalidade de «humilhação» da classe. Esta greve terá de servir para se repensar toda a estratégia final do exercício da cidadania política quando se discorda de raiz: a conflitualidade contemporânea tem demonstrado que a insensibilidade do poder aos argumentos da razão só gera desacatos e maledicências, cria compressões de raiva e de descontentamento, gera atrofiamento de vontades, introduz na conversa esse argumento espúrio de «salvar a face, sem perder a honra», revelador da miséria contemporânea de querer estar de bem com todos sendo de lado nenhum.
3. Independentemente de saber os resultados da greve de segunda-feira dia 19 de Janeiro, importa saber se os resultados da crise, anunciados que estão a ser de forma crescentemente dramática, alguma vez vão permitir recuperar o sentido do estudo e da formação, que o mesmo é dizer, o sentido da escola.
4. Faço greve e jogo nela a minha penúltima carta. Se perder, tudo farei para mudar de vida...


Professor José Machado
Escola Francisco Sanches

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